Em discurso final do Foro de São Paulo, Chávez pede mais ação de partidos de esquerda

No encerramento do evento, presidente venezuelano criticou instâncias de debate e chamou os presentes à prática
Por Jonatas Campos – 07/07/12
Com a apresentação de um documento com forte conteúdo político, presença de estrelas dos partidos de esquerda de todo o mundo, palavras de ordem e discursos acalorados, o encerramento do XVIII Foro de São Paulo, na última sexta-feira (06/07), foi da maneira que os mais de 600 participantes esperavam. Um vídeo com uma saudação do ex-presidente Lula e o discurso do presidente e anfitrião Hugo Chávez foram os dois momentos mais esperados do evento, que ocorreu em Caracas.
Chávez discursou durante quase duas horas, usando como fio condutor sua participação nas reuniões anteriores do foro. Ele aproveitou para fazer uma prestação de contas detalhadas dos principais avanços do seu governo, cantou, fez indicações de livros, chamou crianças para o palco e garantiu que ganhará as eleições desse ano “por nocaute”.
Chamado de “grande companheiro, amigo dessa pátria” por Chávez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi representado pelo seu ex-ministro e dirigente do PT, Luis Dulci. Durante o encerramento, foi exibida a mensagem do brasileiro declarando apoio à reeleição do mandatário venezuelano.
Durante o seu discurso, o presidente venezuelano criticou o formato dos fóruns por considerá-los distantes da prática. “Não importa o que seja, o que importa é que seja um instrumento que unifique e que dê sequência as lutas”, disse.
Chamado de “grande companheiro, amigo dessa pátria” por Chávez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi representado pelo seu ex-ministro e dirigente do PT, Luis Dulci. Durante o encerramento, foi exibida a mensagem do brasileiro declarando apoio à reeleição do mandatário venezuelano.
Durante o seu discurso, o presidente venezuelano criticou o formato dos fóruns por considerá-los distantes da prática. “Não importa o que seja, o que importa é que seja um instrumento que unifique e que dê sequência as lutas”, disse.
Assim como vem fazendo em outras aparições públicas, Chávez reforçou sua crença no “processo revolucionário bolivariano”, como chama as mudanças políticas que seu governo promove no país, afirmando que o que acontece na Venezuela é a criação das condições “espirituais e materiais para a transição ao socialismo”. “Construir um modelo alternativamente radical ao modelo capitalista. E isso se chama socialismo”, afirmou.
Para substanciar sua teoria, o presidente lembrou que em seu governo foram alfabetizados cerca de 1,5 milhão de pessoas e também relatou que em 2011 foram entregues 150 mil casas populares. “Poder popular em desenvolvimento é a melhor vacina contra os golpes de Estado”, lembrou.
Sob o olhar de vários de representantes de partidos de esquerda, Chávez aproveitou a chance para incitá-los: “O socialismo está em toda parte, mas está escondido. Precisa ser visualizado, pensado cientificamente, praticado”.
Para ele, o momento é propício para uma ofensiva socialista: “Aí estão os indignados, a juventude da França, da Grécia, de Chicago (Estados Unidos). Até a Israel chegaram os indignados. Vamos mandar uma saudação solidária aos indignados deste mundo e aos movimentos novos das juventudes que iniciaram uma luta contra os mil demônios, como os meios de comunicação e a repressão”.
Showman
Durante as quase duas horas que esteve diante dos olhares de todos os presentes, o presidente Chávez relatou diversas passagens da história do seu país, citou várias vezes o revolucionário Simon Bolívar, falou das eleições deste ano, onde garante derrotar seu opositor, Henrique Capriles Radonski, e rechaçou a alcunha de continuísmo de seu governo.  “Hugo Chávez não está aqui para acumular nele o poder, eu sou apenas indicado para transferir o poder para o povo, o povo no poder”, disse.
Contando histórias pessoas, o presidente revelou as longas conversas com Fidel Castro e como conheceu o então candidato do PT, Lula, em 1996, por “um minuto”, no Foro de São Paulo realizado em El Salvador. “A primeira vez que me falaram de ti eu pensei que era uma mulher! Lula? Uma mulher!”, lembrando as primeiras palavras trocadas com o ex-presidente brasileiro e arrancando gargalhadas.
Fonte: Opera Mundi