“Davi sempre derrota Golias”, por João Pedro Stédile
Por João Pedro Stédile (*)
Há 60 anos, os capitalistas do EUA tentam impedir a soberania do povo cubano em decidir seu destino e futuro. Acham que são donos do mundo. Impondo seus interesses, como fazem com outros povos também da América Central, Oriente Médio, etc.
Nesses anos todos já usaram todas as táticas e formas de agressões para tentar derrotar esse povo.
Começaram com o ataque militar convencional na invasão da Baia dos porcos (1961), que envolveu vários navios e mais de 5 mil soldados. A guerra bacteriológica, disseminando fungos para destruir as lavouras cubanas e provocar enormes prejuízos econômicos e ambientais. Infiltração de agentes. Mais de 70 tentativas de assassinado contra a vida de Fidel. Estímulo a migração, em que os cubanos saídos recebem visto imediato, negado aos milhares de trabalhadores latino-americanos que moram há anos sendo explorados nos EUA. Bombardeio midiático permanente com seus meios de comunicação. Mentiras sistemáticas sobre o povo cubano distribuídas por suas agencias para todo mundo.
Apoio logístico e político para atentados terroristas, denunciados em recente filme. Até o bloqueio econômico que impede o livre comercio, tanto defendido por eles, para outros países e mercados.
E a mais recente tática é no campo ideológico, da batalha ideológica. O uso da internet com seus métodos das guerras hibridas¹ e de fake news para disseminar confusão entre a população cubana. Financiamento de seitas pentecostais aproveitando-se da liberdade religiosa existente. E a produção de músicas e videoclipes, de grupos cubanos instalados em Miami.
Mas porque tudo isso? Afinal Cuba não tem riquezas naturais, não tem um mercado para suas bugigangas.
Mas o povo cubano representa um mau exemplo de soberania e altivez para todos os povos da América Latina. Então, é necessário sufocá-lo, derrota-lo, para que ninguém mais se atreva a enfrentar os interesses dos capitalistas.
Outros povos das Americas tentaram se levantar e foram massacrados por essa mesma política imperialista. Lembre-se de todas ingerências, desde invasões militares como em Granada, República Dominicana, Haiti (com capacetes da ONU); ou as conspirações contra Allende, Alvarado no Peru, Torrijos no Panamá, e tantos outros fatos.
Ou agora mais recente, no apoio ao golpe contra Dilma, para nos tomar o Pré-sal, e inviabilizar a industrial naval, a construção civil, o projeto do submarino nuclear, que poderiam competir com seus interesses.
A cooptação que fizeram, que só Deus sabe a que preço, do presidente Moreno no Ecuador e o ministro do Exército do Evo, que ajudou o golpe na Bolivia e agora vive em Miami.
Mas nada funciona com o povo cubano. Então, de fato eles são um mau exemplo, para o império.
São mau exemplo, porque em vez da exploração difundem a solidariedade. Em vez de mercantilizar a vida, difundem a saúde publica. Em vez da ignorância difundem a democratização da educação em todos os níveis.
E sua teimosia corajosa, sua altivez e dignidade os transformaram no Davi das Américas. E eles vencerão o Golias do capital.
A resistência do povo cubano é a resistência de todos os povos das Américas e serve de exemplo também para os trabalhadores que vivem nos Estados unidos.
Toda solidariedade ao povo cubano!
Abaixo o bloqueio econômico e todas formas de agressão.
(*) militante do MST, da via campesina e da ALBA movimentos
São Paulo, maio de 2021
¹ Ver “Guerras híbridas – das revoluções coloridas aos golpes”, da editora Expressão Popular. Neste livro, Andrew Korybko constrói um novo conceito para explicar as novas táticas dos Estados Unidos para derrubar governos.