Política paraguaia e eleição venezuelana centram agenda do Foro de São Paulo

O encontro reúne cerca de 600 delegados de esquerda e ocorre na capital venezuelana
A destituição do presidente Fernando Lugo no Paraguai e as eleições de outubro na Venezuela, nas quais o líder Hugo Chávez busca sua terceira reeleição, centraram a agenda das reuniões que abriram na última quarta-feira (04/07) a 18ª edição do Foro de São Paulo, que será realizado em Caracas, na Venezuela, até a próxima sexta-feira.
Deputados e representantes de diversas organizações se encontraram na capital venezuelana com o lema “Os povos do mundo contra o neoliberalismo e pela paz”, mas também para abordar assuntos como a reivindicação argentina pelas ilhas Malvinas e as ameaças contra as democracias.
A ex-senadora colombiana Piedad Córdoba disse à imprensa que, no final da reunião, haverá uma “declaração que será totalmente destinada a contrariar o que significa o neoliberalismo, os embates do capitalismo, as novas formas de colonização”, mas também de “defesa da democracia”.
Segundo ela, serão rejeitadas “as novas formas de golpe nos países, como no caso do Paraguai”, que definiu como “a perfeição” do que ocorreu em Honduras, onde foi derrubado o então presidente Manuel Zelaya.
Já o analista político argentino Atilio Borón mencionou que, entre os pontos de discussão, está “a atual crise do sistema capitalista em nível internacional”, que, em sua opinião, “representa um grave desafio” para a América Latina.
“O primeiro ponto a discutir é a natureza da crise, por que dura tanto, por que as soluções que ensaiaram até agora não funcionaram e, em segundo lugar, ver como podemos sair da crise”, ressaltou o analista aos jornalistas.
A jornada de abertura do Foro celebrou o primeiro encontro de parlamentares. Segundo a deputada do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) no Parlamento Latino-americano (Parlatino) Ana Elisa Osorio, também foram instaladas 14 mesas temáticas.
Durante a plenária do encontro de parlamentares, o deputado José Figueroa, da Frente Sandinista da Nicarágua, expressou sua solidariedade com Lugo e com o governante venezuelano.
Também sobre o Paraguai se pronunciou o legislador do Parlamento Centro-Americano Martín Pineda, que sugeriu uma lei que penalize “aqueles que executam golpe de Estado e violentam a democracia”, e advertiu que, nos últimos anos, foram registradas três tentativas fracassadas de golpe na Venezuela, Equador e Bolívia, assim como duas consagradas em Honduras e Paraguai.
Sobre as eleições do México realizadas no último domingo, os deputados mexicanos do Partido da Revolução Democrática (PRD) Saúl Escobar e Enrique Vargas anunciaram que pedirão ao Foro que se pronuncie sobre o processo eleitoral em seu país diante da possibilidade de fraude.
“Vamos explicar aqui o que está acontecendo no México e esperamos, claro, que haja solidariedade pelo fato de que se reconheça que o processo eleitoral deve ser esclarecido”, declarou o deputado Escobar.
Facundo Villalba, militante da Corrente do Povo da Argentina, disse à Agência Efe que outro tema fundamental “tem a ver com um apoio ou um repúdio à presença inglesa nas Malvinas”.
“Diante da escala armamentista gerada pelo Reino Unido na zona do Atlântico Sul, temos de responder com a solidariedade dos irmãos latino-americanos, dos povos irmãos do mundo”, destacou Villalba.
A reunião na capital venezuelana, que reúne cerca de 600 delegados esquerdistas e coincide nesta quinta-feira (05/07) com a celebração da independência nacional, contará na sexta-feira com um ato no Teatro Teresa Carreño.
Fonte: Opera Mundi