Foro de São Paulo‎ começa em Caracas alertando para "ameaças" à democracia

Pela primeira vez na capital venezuelana, reunião das esquerdas mundiais acontece em meio a cenário de crise do neoliberalismo
Por Jonatas Campos – 06/07/12
O XVIII Foro de São Paulo, pela primeira vez realizado em Caracas, foi aberto oficialmente na noite desta quinta-feira (05/07) com a participação de cerca de 600 delegados e de quase 100 partidos de esquerda do mundo. Realizado desde 1990 a cada dois anos, o evento entra em sua 18º edição com o lema “Os povos do mundo contra o neoliberalismo e pela paz”.
O secretário executivo do Foro de São Paulo e membro do Diretório Nacional do PT (Partido dos Trabalhadores), Valter Pomar, abriu a solenidade advertindo para as novas “ameaças” contra as democracias. “As ameaças vêm do imperialismo, das direitas. Quando eles não conseguem ganhar as eleições, executam certos métodos golpistas como em Honduras e agora no Paraguai”, disse.
Pomar questionou as críticas que o Foro de São Paulo estaria interferindo na política venezuelana ao declarar apoio ao candidato à reeleição, o presidente Hugo Chávez. “Tem alguma dúvida de que a esquerda latino-americana apoia Hugo Rafael Chávez Frias?”, questionou. “Ou eles querem que apoiemos alguém que invadiu a embaixada de Cuba?”, disse, em referência à participação do candidato opositor Henrique Capriles no golpe em fevereiro de 2002.
Em seu discurso de abertura e representando Chávez, o presidente da Assembleia Nacional, deputado Diosdado Cabello, ironizou declarações de que os participantes do foro eram figuras “jurássicos”. “A direita internacional diz que nós somos jurássicos, mas é para esta época que iremos se continuarmos no capitalismo”, disse.
Em consenso com as reuniões prévias, o foro se posicionou contrário ao golpe de Estado no Paraguai, ao embargo norte-americano à Cuba e às bases militares estrangeiras na América e se mostrou favorável à reivindicação das Ilhas Malvinas pela Argentina, à criação de um Estado Palestino livre e independente, à independência de Porto Rico e à reeleição do presidente Hugo Chávez.
A música “América Latina”, do grupo Calle 13, foi cantada por quase todos os presentes e citada no evento como um hino do continente centro-sul. Personalidades da esquerda lantino-americana e mundial como a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, o ex-candidato da esquerda francesa a presidência da República Jean Luc Mélenchon, a deputada grega Liana Kanelli e um dos poucos senadores paraguaios que foi contra o golpe de estado, Sixto Pereira, circularam pelo Salão Bicentenário do Hotel Alba Caracas.

Militantes do PCdoB levantaram uma faixa com a frase “O Brasil está com Chávez”. A delegação brasileira foi composta por militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Socialista Brasileiro (PSB), além de diversos movimentos sociais.
Fonte: Opera Mundi