Eleição de Maduro é estratégica para a América Latina, diz presidente do PC chileno

Teillier
Teillier: “Governos de todas as correntes políticas reconheceram Hugo Chávez como o impulsor da integração latino-americana”

Presente à reunião extraordinária do Foro de São Paulo, evento que reúne nesta segunda-feira (01/04) em Caracas representantes de 20 países e de 26 partidos progressistas, o presidente do PCCh (Partido Comunista do Chile), Guillermo Teillier, defendeu que a eleição de Nicolás Maduro à Presidência da Venezuela representa a continuidade do processo liderado por Hugo Chávez. Os venezuelanos vão às urnas em 14 de abril.
Por Marina Terra – 01/04/13
Em entrevista a Opera Mundi, Teillier, uma histórica figura da esquerda chilena por sua resistência à ditadura de Augusto Pinochet, comentou o legado deixado pelo presidente venezuelano – falecido em 5 de março –, que, segundo ele, impulsionou a integração da América Latina e o Caribe.
O presidente do PCCh também falou sobre as próximas eleições no Chile, marcadas para novembro. Mais uma vez a candidata da Concertação será a socialista Michelle Bachelet. De acordo com Teillier, os partidos em torno da aliança de esquerda irão “assumir a responsabilidade de coletar todas as demandas sociais que vêm sendo apresentadas, principalmente pelos movimentos estudantis e dos trabalhadores.”
Opera Mundi: Qual é a importância da eleição de Nicolás Maduro à Presidência da Venezuela para a esquerda latino-americana?
Guillermo Teillier: O processo bolivariano-venezuelano exerce um fator estratégico, sua permanência é estratégia para os processos levados a cabo pelos povos latino-americanos. Seria um retrocesso muito grande se de alguma maneira ele se revertesse. Por isso estamos aqui dispostos a nos solidarizar e a defender esse processo.
OM: Qual foi o legado deixado pelo presidente Hugo Chávez para a Venezuela e a região?
GT: Ele deixou como exemplo o que fez em seu país, que foram transformações muito profundas, principalmente no que se refere à democratização e à participação do povo nos assuntos de poder, na tomada de decisões para seu próprio destino. Também em tudo no que diz respeito às políticas sociais, de usar as riquezas desse país em benefício da maioria da população, e, sobretudo, uma riqueza tão importante como o petróleo. Isso já é um exemplo para outros países.
Mas, além disso, ele foi quem impulsionou toda a integração da América Latina e do Caribe, algo muito importante, que não pode deixar de ser reconhecido. Governos de todas as correntes políticas reconheceram Hugo Chávez como o motor da integração latino-americana. Ele nos deixou uma tarefa, para que os povos compreendam os benefícios que podem receber com a integração. Algo que coloca em destaque os interesses do povo e não das grandes transnacionais.
OM: O Chile realiza eleição presidencial em novembro desse ano, com a esquerda aglutinada novamente em torno da ex-presidente Michelle Bachelet. Quais são as diretrizes atuais da Concertação?
GT: Estamos trabalhando para estabelecer uma convergência política e social, para promover transformações profundas em nosso país. Somos seis partidos, que estão trabalhando duro em direção a um programa único, para uma candidatura única à Presidência da República.
O diálogo está muito positivo. O objetivo é, por um lado, derrotar a direita, que venceu as últimas eleições, e, por outro lado, assumir a responsabilidade de coletar todas as demandas sociais que vêm sendo apresentadas, principalmente pelos movimentos estudantis e dos trabalhadores.
OM: Com as manifestações por uma educação gratuita, jovens lideranças surgiram no Chile ano passado, como, por exemplo, a dirigente estudantil e militante da juventude comunista Camila Vallejo. O senhor acredita que a renovação da política chilena é uma realidade?
GT: É uma tendência que está se desenvolvendo no Chile. Há novas lideranças muito poderosas entre os jovens. Mas, também, foi possível estabelecer um amadurecimento da consciência social com o convencimento de uma grande massa de que é imprescindível promover mudanças na institucionalidade e igualmente mudanças sociais e econômicas no país.
Fonte: Opera Mundi