A batalha crucial da revolução bolivariana

Eleição na Venezuela tem grande importância para progressistas da regiãoPor Max Altman 
As eleições presidenciais na Venezuela em outubro próximo são cruciais também para o futuro das forças progressistas e de esquerda na América Latina. Se se confirmar a vitória de Chávez por expressiva margem, como indicam as pesquisas, a revolução deve avançar vigorosamente.
As eleições presidenciais do próximo dia 7 de outubro na Venezuela são particularmente cruciais para o desenvolvimento do processo revolucionário socialista bolivariano. Dependendo do resultado, consolida-se e parte para uma etapa superior de conformação de uma sociedade socialista ou enfrenta um revés que significará brutal retrocesso ao status quo anterior próprio do regime capitalista de exclusão social que vigorou no país no século 20. A Venezuela, durante mais de meio século, foi o maior exportador de petróleo do mundo. Navios de guerra norte-americanos e europeus intervieram, no início do século 20, para apoiar um governo ilegal e tirânico que entregou o país aos monopólios estrangeiros. É bem conhecido que incalculáveis fundos saíram da Venezuela para engrossar o patrimônio dos monopólios e da própria oligarquia local.
As mais diversas pesquisas dão uma vantagem entre 20 e 30 pontos percentuais em favor de Hugo Chávez, do Gran Polo Patriótico (PSUV, Partido Comunista e setores do Patria para Todos e do Podemos) sobre seu único oponente de direita, Henrique Capriles Radonski, da Mesa de Unidade Democrática (MUD). A quatro meses do pleito tudo leva a crer que a diferença irá se sustentar e até se ampliar. Os dados são ainda mais significativos na medida em que, longe de se produzirem num cenário de apatia e distanciamento, foram levantados num contexto de interesse generalizado e crescente pela campanha eleitoral e uma maciça vontade do povo de participar das eleições. Se se confirmar a vitória de Chávez por expressiva margem, a sinalização é de que a revolução deve avançar vigorosamente.
Uma sociedade polarizada
A característica política da Venezuela é que sua sociedade está altamente polarizada e o fulcro da polarização é a figura, o carisma e a liderança do presidente Chávez.
Desde a primeira eleição de Hugo Chávez, em 1998, em especial depois da aprovação em referendo da nova Constituição votada pela Assembleia Constituinte de então, o país enveredou por um processo de transformações, naquela altura, sem uma caracterização definida. O Golpe de Estado de abril de 2002, abortado em 48 horas, em virtude da reação das massas que saíram às ruas para exigir o retorno de Chávez, e em especial a paralisação e a sabotagem petroleira organizada pela direção da PDVSA, apoiada pela grande imprensa e pela oligarquia, com o fim de desestabilizar e derrocar o governo bolivariano, provocaram uma dura e estrita polarização política.
Fonte: Teoria e Debate